11/02/2009
Mude um destino

Dominique Gorini, de Petrópolis, ao desejar formar uma família, vivenciou diversos contratempos ao lado do seu marido, em virtude da dificuldade de engravidar, tendo passado por abortos, gestações tubárias e tentativas frustradas de fertilização in vitro. As dificuldades não cessaram quando partiram para a adoção de uma criança, pois surgiram os trâmites oficiais e a gestação legal fora mais longa do que uma biológica. No entanto, o que consegui extrair do depoimento da administradora de empresa é que mesmo diante das dificuldades, ela e seu esposo puderam fazer do seu lar um lugar repleto de felicidade: "Nossos quatro filhos têm o nosso DNA da alma, cada um com seus traços pessoais encantadores".


Por essa e outras é que a Campanha "Mude um Destino", instituída pela Associação dos Magistrados do Brasil vem obtendo tanto êxito. Porque investe no ser humano, e quero continuar crendo que o ser humano permanecerá sendo a maior descoberta do Terceiro Milênio.


Foram 20 lançamentos em 18 Estados, durante o ano de 2008 e depoimentos emocionantes foram a tônica dos encontros. O seu saldo foi algo bastante concreto: a sociedade se voltou para a adoção, não somente como um meio de suprir a carência de um casal ou de uma família, mas, sobretudo, para permitir que uma criança órfã encontre um lar que a acolha como membro. Os problemas enfrentados por meninos e meninas que vivem abrigados ou abandonados passam muitas vezes despercebidos pela sociedade. Através, porém, desse movimento da magistratura, a questão passa a ser politizada e, consequentemente, alvo de preocupação dos mais sensíveis às causas sociais e humanas.


Em quase todos os jornais e revistas da AMB que recebo, esse assunto é ventilado, e sempre contemplo, com satisfação, as atitudes dos meus companheiros diante de uma questão, para mim, tão sublime. Mas, o que mais me exulta é o fato de em plena era da cibernética e da eletrônica, cérebros pensantes da Nação se voltarem para o humano e para o espiritual.


E a luta que se iniciou entre os juízes termina por envolver vários outros membros da sociedade como Assistentes Sociais, Psicólogos, Defensores Estaduais e integrantes do Ministério Público. Todos passam a ser agentes multiplicadores do programa que, de uma forma simpática e até surpreendente, sai dos papéis e entra na vida, tanto dos próprios envolvidos quanto da sociedade onde estão inseridos. Sem dúvida, na prática de tão edificantes ações, estão a agradar a Deus.


Sabemos que o Senhor não precisa de nós. Nós é que precisamos da sua graça. Inclusive Chico Xavier, o mestre do espiritismo, em seus pensamentos edificantes, ensina que "todas as vezes que a Justiça Divina nos procura para acerto de contas e nos encontra trabalhando em benefício dos outros, manda a Misericórdia Divina que a cobrança seja suspensa por tempo indeterminado". É a execução do bem. É o exercício diário do desprendimento, da solidariedade e da partilha do amor que se concretiza no ato de se adotar e de se ser adotado. Inclusive, é bom que se esclareça que, na maioria das vezes, a ação beneficia mais o adotando do que o adotado. E o que de mais puro e belo "é o elo espiritual que se estabelece entre os envolvidos, tão visível e comovente. E cada vez que isso acontece, temos certeza de que o Deus existe" (Leôncio Câmara, quando juiz da Infância e Juventude).


O apelo para que se mude um destino é ambíguo. Na verdade, poderia ser: crianças que mudaram um destino! O próprio Jesus Cristo nos mandou acolher os pequeninos e, mais que acolher, advertiu que quem assim agir, o acolhe, na verdade. Existe maior bênção do que esta? Abramos, pois, o coração, para se tornar receptáculo de graças. E dentre as graças divinas, que podemos receber, se encontra aquela que nos foi passada exemplarmente por José, o carpinteiro. Tornando-se pai adotivo de Jesus, colaborou para mudar o destino da própria humanidade.

 

Autor:   Des. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti

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