14/11/2008
UM PODER QUE FASCINA

O que é poder? A resposta é simples: poder é a única forma de se extravasar, solitária e impunemente, virtudes e defeitos.

É uma sensação de plenipotencialidade órfã e inatingível que domina o ser humano desde a sua criação. O ciclo foi iniciado com o primeiro homem e não existe previsão alguma de um nome que lhe possa dar termo.

Impossível relacionar os nomes daqueles que tornaram esse mundo estupidamente melhor ou pior, durante toda a fase da evolução histórica...

O poder não é apenas protetor, justificativo, inexpugnável, cruel, fraco, forte, dignificante, mas quando quer ser, torna-se também corrupto e abjeto.

Todos querem poder fazer alguma coisa para alcançar o Poder. A vaidade de olhar por cima. A liberdade de não regular a força quando pisar o que está por baixo. (Esmaga-se a barata, tão somente pelo receio de que ela possa subir às alturas)...

O poder é engraçado: dá aos medíocres a oportunidade de se mostrarem gênios. Transforma gênios em medíocres. Reles capachos de esquemas e sistemas regenciais...

O poder é triste porque isola o seu detentor num mundo biforme: o seu próprio, onde inexiste margem de erro sob sua ótica e o mundo exterior onde, pela ótica dos demais, inexiste mérito ou acertos da parte de quem manda.

Todas as religiões que surgiram ao longo da evolução humana pregam a simplicidade e o desapego ao Poder, como premissa fulcral de salvação a todos os seus seguidores.

Porque o homem não adota essas filosofias de vida, pelas quais a igualdade, a simplicidade e a partilha são as vigas de sustentação para uma convivência harmoniosa dentro de um mundo menos hipócrita e menos ambicioso?

A resposta é simples: porque o poder não abre seus tentáculos para libertar o homem dos seus próprios medos...

No ensino de Myra y López, o medo é o gigante mais avassalador que rege a alma humana. Ele é o único entre os demais gigantes da alma (o amor, a ira, o dever) que não exige reciprocidade para demonstrar sua face pálida.

O medo é solitário e covarde. Ataca as pessoas individualmente, desencadeando um turbilhão de reações e atitudes isoladas que podem ir da mais absoluta prostração ao mais desvairado gesto de desassombro, beirando as raias da loucura.

E é esse mesmo medo que impulsiona o ser humano a conquistar o poder...

O medo de ser dominado, de ser submetido, de cumprir, arrostam pessoas à guerra pelo poder.

E nessa guerra, não se submete a regras os meios de atingi-lo. Irrelevante o aprumo dos métodos se os objetivos a serem atingidos se mostram compensadores.

Escrúpulos, ética e caráter ficam pelo caminho, como pedras que foram afastadas na caminhada degradante ao topo da montanha.

O homem ambicioso só teme do Poder a sua única qualidade verdadeira: a efemeridade de sua essência.

E como se fosse um castigo, ela só se manifesta após a sua vítima alcançar o Poder ? nunca antes...

Possuidores da mesma característica, a vida e o poder, pregam peças hilariantes em seus amadores atores e atrizes, que quase sempre transformam-se ao cair o pano em dramas monumentais, com uma cenografia suicida e fatalmente verdadeira...

O alerta foi acionado.

Se o silêncio que ouvi agora foi fruto apenas do breve tempo de baixar as espadas, numa pausa filosófica e inútil, que recrudesça a batalha pelo poder entre os homens, mas agora, ao menos, os contendores guardarão em suas mentes a palavra-chave que governa a tudo e até mesmo o próprio poder:

Efemeridade...

Autor:   m.william

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