15/08/2017
A quem deve interessar um Judiciário fraco e sem voz?
Este é o questionamento levantado em poesia escrita por magistrada paraibana, que utilizou uma forma diferenciada para avaliar uma situação enfrentada por sua categoria atualmente: ataques midiáticos que tentam enfraquecer o trabalho dos juízes e macular a imagem do Judiciário brasileiro.
Em seu texto, a juíza Ivna Mozart Bezerra Soares Moura, Titular do 3º Juizado Auxiliar Cível da 2ª Circunscrição, enfatiza que os ataques à magistratura partem daqueles que se recusam a obedecer às leis. A autora insiste em afirmar que sua classe é forte e persistente. “Enquanto estivermos aqui / Corrupto não passará / Não adianta insistir / Nem mesmo espernear”, pontua em uma das estrofes de sua poesia.
Confira abaixo o texto na íntegra:
O exercício do falar
Sente aqui, meu caro amigo
Precisamos conversar
Só dois dedinhos de prosa
Prometo não demorar
É que já há algum tempo
Eu me pus a questionar
Um Judiciário fraco e sem voz
A quem deve interessar?
Primeiro fui refletir
Depois resolvi falar
Porque quem cala consente
Com o que está a se passar
Ultimamente se esforçam
Pra nos desmoralizar
Jogar nosso nome no fosso
Nossa independência usurpar
Ainda contam mentiras
Para o povo acreditar
Que somos os seus algozes
E Poder contra quem lutar
A nossa nobre missão
Se empenham em aviltar
E os tolos acreditam
Ou fingem acreditar
Que juiz só serve mesmo
Para papel assinar
Pra prender ladrão de galinha
E conter briga de bar
Ainda tem fogo amigo
Que se põe a colaborar
Pra destruir nossa imagem
E nos fazer recuar
Pergunto mais uma vez
A quem deve interessar
Uma justiça sem crédito
Que mal consegue julgar?
Ao simples, ao pobre, ao fraco
Não parece aproveitar
Um Estado sem Justiça
Sem ninguém pra controlar
Ao honesto e trabalhador
Não deve interessar
Porque a esses a Lei
Nunca vai incomodar
Para aqueles que acreditam
Que com cifras podem comprar
Moral, probidade e caráter
A estes deve incomodar
Um país sem rédeas, sem freio
Só pode interessar
Àquele que se recusa
As normas observar
Pra bandidos, ladrões, malfeitores
Esse país vem a calhar
Porque impunidade é terreno fértil
Pra criminalidade brotar
Por isso mesmo atacam
A quem os ousa enfrentar
Um poder que é cego e justo
E não se deixa alienar
Lançam mão de todo ardil
Para o juiz derrubar
Escarnecem a cada queda
E tornam a atacar
Mas mesmo feridos de morte,
Nós não iremos tombar
Ainda cambaleando
Continuamos a lutar
O valor do bom soldado
Não está em triunfar
Mas em não fugir à luta
E tampouco se entregar
Uma batalha perdida
Não nos faz resignar
Somos fortes, persistentes
E sabemos superar
Enquanto estivermos aqui
Corrupto não passará
Não adianta insistir
Nem mesmo espernear
Vou ficando por aqui
Não vou mais me alongar
Pra não cansar o amigo
Nem a promessa quebrar
Só peço que pense com calma
E depois vá propagar
A desmoralização da justiça
A quem vai interessar
Juíza Ivna Mozart Bezerra Soares Moura – Titular do 3º Juizado Auxiliar Cível da 2ª Circunscrição
Siga a AMPB nas redes sociais:
Instagram: @ampb_magistradospb
Facebook: @magistradospb
Twitter: @ampb_magistrado
Youtube: AMPB no Youtube
Mais Notícias
24/04/2024
Conquista para a magistratura: Pleno aprova criação de 7 novas vagas de desembargadores no TJPB
- Anterior
- 01 de 2015
- Próxima