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Fui convidado para dissertar sobre minha relação com Areia, Comarca onde trabalhei por quase 10 (dez) anos. Depois desse convite, passei a imaginar o que diria. Afinal, o que falar sobre a honra em ter exercido jurisdição na terra de Pedro Américo e José Américo? Da alegria em ter morado na terra de Elpídio de Almeida e Dom Adauto? E da satisfação em ter convivido com o escrivão José Henrique de Albuquerque?

 

Comecei a judicar em Areia no dia 09 de janeiro de 2007, advindo da Comarca de Cuité. Minha família e eu logo nos adaptamos ao lugar, pois o povo é muito hospitaleiro e o clima é agradável. Logo no início, tomei conhecimento sobre a existência do Conselho de Segurança de Areia – Consea, que estava com suas atividades paralisadas. Então, juntamente com pessoas da comunidade, reativamos o Conselho, cujo órgão trouxe inúmeros benefícios para esta comuna na esfera da segurança, inclusive em pedra e cal. Posso citar, como exemplos, o albergue da cadeia pública e a reforma do prédio da antiga delegacia. O Consea possibilitou um melhor funcionamento das polícias Civil e Militar de Areia, pois custeou a manutenção de viaturas, alimentação de policiais e promoveu blitzen, dentre outras medidas. Um parceiro incansável da Justiça e do Consea foi o Agrupamento dos Bombeiros Voluntários, a quem agradeço muito.

 

No exercício da função judicante, tudo fiz tentando acertar. Como ser humano, é natural que tenha cometido equívocos. Se o fiz, não foi por má-fé. Meu norte sempre foram a lei, a doutrina e a jurisprudência. Na aplicação dessas normas, prestei contas somente a Deus e à minha consciência. Sem falsa modéstia, foi durante a nossa titularidade na Comarca de Areia que o Fórum Eleitoral foi construído e o Fórum da Justiça Comum foi reformado.

 

Aqui morei com minha amada esposa Varni e com meus queridos filhos Évelin e Edailton Filho. Estes também levarão Areia para sempre na memória, pois aqui estudaram no colégio Santa Rita e fizeram as primeiras amizades de suas vidas.

 

Agradeço a Deus por ter recebido o título de cidadão areiense. Ostento esse título no lugar mais alto do meu gabinete e do meu coração. Quis o destino que, faltando 18 dias para a inauguração da reforma do Fórum, fosse eu promovido para a Comarca de Campina Grande. Em qualquer carreira uma promoção é sempre bem-vinda. Faltaria com a verdade se dissesse o contrário. No entanto, devo falar que saí de Areia por circunstâncias alheias à minha vontade. No dia 26/08/2015, afastei-me para cuidar da minha saúde. No dia em que me afastei, deixei a Comarca completamente em dia, isto é, sem nenhum processo em atraso, fruto de um árduo e contínuo trabalho meu e de Gustavo Almeida, meu competente assessor.

 

Gostaria de aqui me aposentar. Os motivos são muitos: povo ordeiro, clima agradável, servidores da justiça competentes, dentre outros. No entanto, nem sempre as coisas acontecem do jeito que programamos. Segundo o capítulo 3 do Livro de Eclesiastes, há tempo pra tudo debaixo dos céus: “Há tempo de plantar e tempo de  arrancar o que se plantou. Tempo de rir e tempo de chorar. Tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras”. No caso, quiseram os céus que chegasse ao término o tempo do meu pequeno contributo à querida Areia. Entretanto, passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer, ela permanecerá para sempre no meu coração.